O Blog trata de temas ligados à Ilha de Mosqueiro, mas não por isso pretende se isolar em um localismo infrutífero; em vez disso, procura inserir a Ilha como um lugar no mundo, enfatizando suas singularidades;por outro lado, também objetiva divulgar minhas reflexões sobre língua, linguagem e pensamento, literatura e artes em geral, além de assuntos diversos,sempre procurando revelar traços ideológicos nas entrelinhas do tecido textual, na tentativa de ser o mais coerente possível.
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
Max Martins
Naquela época, Max queria passar a semana em Mosqueiro e os finais de semana em Belém. Vejam matéria no Diário do Pará de 21 de novembro de 1986:
Topografias da saudade: Doce Mosqueiro, de areias claras e ondas sem sal
Para matar as saudades dos anos de 1980, na ilha de Mosqueiro, vejam esta página, do jornal Diário do Pará, de 10 de julho de 1988:
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Outro poema autoral: Samaúma
I
Erguidos os braços peludos
sombreiramente sobre nossas cabeças
um enorme guarda-sol
vegetal
protege-nos
marca e orienta os destinos
viajantes pescadores marinheiros
protetora e mãe
de aves répteis
bromélias orquídeas trepadeiras várias
um miniecossistema de saudades
II
Quando sob o sol equatorial
nevam plumas na planície
numa metálica-esvoaçante chuva
as lembranças mostram-se traços
inconscientes
silhuetas leves
indo no vento, voando flutuando
no espaço e no tempo intangíveis
da memória
espraiando-se, disseminando boas novas
em dispersas nuvens
revoadas
a irem fecundar longes terras
no cio
III
No ar a ideia clara
de vida e beleza
tempo chuva rio
em nosso olhar amazônida
O vasto estético cogumelo
acústico abrigo de auriverdes
aves faladoras gritadoras
E cada manhãzinha acorda em festivas revoadas
Sobre o cogumelo à noite
um luar m´stico
num beijo lunar alimentando
a paisagem de lembranças indígenas
rituais tupimambás nas sapopemas
Morubiras
respondendo ao batuque ancestral
Puçangas amaldiçoando o agora
e seus técnicos laudos
Uma coruja murucututu
agoura nos galhos as motosserras
e as canetas que assinam
vis papéis... assassinos
IV
A floresta lamenta com dolência
Cajuís castanheiras siriúbas açaizais
pés de pupunha choram a irmã mãe-de-todos...
Tatus mucuras calangos
desconfiados
adivinham o fim trágico
e inevitável
Pena o trovão de Tupã
não castigar mais...
Verde copa
verdes ramos verde indo
verde ido
V
O silêncio desumano (des)mata a floresta
e a poesia
CURUMINS ESPIRITUAIS
agora estão à mercê do sol
abrasador
e
da
fria
chu
va da madrugada...
Adeus verde copa
verdes ramos verde indo indo
Verde já ido
O coração da mata já não pulsa
... em luto, a madrugada sopra fria
Erguidos os braços peludos
sombreiramente sobre nossas cabeças
um enorme guarda-sol
vegetal
protege-nos
marca e orienta os destinos
viajantes pescadores marinheiros
protetora e mãe
de aves répteis
bromélias orquídeas trepadeiras várias
um miniecossistema de saudades
II
Quando sob o sol equatorial
nevam plumas na planície
numa metálica-esvoaçante chuva
as lembranças mostram-se traços
inconscientes
silhuetas leves
indo no vento, voando flutuando
no espaço e no tempo intangíveis
da memória
espraiando-se, disseminando boas novas
em dispersas nuvens
revoadas
a irem fecundar longes terras
no cio
III
No ar a ideia clara
de vida e beleza
tempo chuva rio
em nosso olhar amazônida
O vasto estético cogumelo
acústico abrigo de auriverdes
aves faladoras gritadoras
E cada manhãzinha acorda em festivas revoadas
Sobre o cogumelo à noite
um luar m´stico
num beijo lunar alimentando
a paisagem de lembranças indígenas
rituais tupimambás nas sapopemas
Morubiras
respondendo ao batuque ancestral
Puçangas amaldiçoando o agora
e seus técnicos laudos
Uma coruja murucututu
agoura nos galhos as motosserras
e as canetas que assinam
vis papéis... assassinos
IV
A floresta lamenta com dolência
Cajuís castanheiras siriúbas açaizais
pés de pupunha choram a irmã mãe-de-todos...
Tatus mucuras calangos
desconfiados
adivinham o fim trágico
e inevitável
Pena o trovão de Tupã
não castigar mais...
Verde copa
verdes ramos verde indo
verde ido
V
O silêncio desumano (des)mata a floresta
e a poesia
CURUMINS ESPIRITUAIS
agora estão à mercê do sol
abrasador
e
da
fria
chu
va da madrugada...
Adeus verde copa
verdes ramos verde indo indo
Verde já ido
O coração da mata já não pulsa
... em luto, a madrugada sopra fria
domingo, 8 de janeiro de 2017
Um poema autoral: Minha história
Eu me chamo Carlinhos.
Minha alegria se foi quando expulsaram
minha família da terra
que pensávamos que era nossa.
Plantar, colher: mandioca, aipim, milho.
Frutas de todo tipo.
Criar cabras. Ordenhar. Beber leite.
E comer queijo. Das galinhas, comer os ovos.
Tudo parecia perfeito.
Mas chegam os homens.
Mostram papéis. Terra não é mais nossa...
Nossas só as estradas poeirentas, e a desesperança.
Hoje tenho 30 anos. Casei. Tenho mulher
e três filhos. Sou feliz.
Mas nunca esquecerei aquele menino,
chorando por não ter mais lar.
Ele tinha apenas 10 anos.
Minha alegria se foi quando expulsaram
minha família da terra
que pensávamos que era nossa.
Plantar, colher: mandioca, aipim, milho.
Frutas de todo tipo.
Criar cabras. Ordenhar. Beber leite.
E comer queijo. Das galinhas, comer os ovos.
Tudo parecia perfeito.
Mas chegam os homens.
Mostram papéis. Terra não é mais nossa...
Nossas só as estradas poeirentas, e a desesperança.
Hoje tenho 30 anos. Casei. Tenho mulher
e três filhos. Sou feliz.
Mas nunca esquecerei aquele menino,
chorando por não ter mais lar.
Ele tinha apenas 10 anos.
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