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domingo, 27 de novembro de 2016

Poema autoral: Paisagem-poesia-poesagem

O Sol decidiu pousar no mar.
Nem este apagou aquele
Nem aquele evaporou este.

Pode-se arriscar outro palpite:
Já surgiu inteiro emerso do mar
Na baía lá de Tóquio, reluzente.

O único ente evaporado,
De vergonha quase morta,
É a reles imaginação do poeta.

Este pausa o pensamento,
eleva os olhos para além
e vê a janela e não mais o papel.

Então, pousa na mesa a caneta,
Caminhando sai porta afora
E encontra o Sol de braços abertos.

Uma paisagem-luz tarrafeia
De cima a baixo todo o cenário:
Uma planície ampla é plenamente

Capturada por meus olhos
Que escaneiam tudo ao redor
E guardam todinho o azul dentro de si.


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Um dos meus poemas prediletos: Soneto II, de Pablo Neruda, do livro Cien sonetos de amor

Disponível em: http://www.poemas-del-alma.com/soneto-ii.htm. Acesso em: 24 nov. 2016.

Amor, cuántos caminos hasta llegar a un beso, 
qué soledad errante hasta tu compañía! 
Siguen los trenes solos rodando con la lluvia. 
En Taltal no amanece aún la primavera. 

Pero tú y yo, amor mío, estamos juntos, 
juntos desde la ropa a las raíces, 
juntos de otoño, de agua, de caderas, 
hasta ser sólo tú, sólo yo juntos. 

Pensar que costó tantas piedras que lleva el río, 
la desembocadura del agua de Boroa, 
pensar que separados por trenes y naciones 

tú y yo teníamos que simplemente amarnos, 
con todos confundidos, con hombres y mujeres, 
con la tierra que implanta y educa los claveles.

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Pequeno grande texto: Lygia Bojunga Nunes


Homepage
Disponível em:http://www.casalygiabojunga.com.br/pt/livroatroca.html. Acesso em: 24 nov. 2016.

LIVRO - A troca

Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado.
E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.
Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava.
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que – no meu jeito de ver as coisas – é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.
Mas, como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra – em algum lugar – uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar.

(Mensagem de Lygia Bojunga para o Dia Internacional do Livro Infantil e Juvenil, traduzida e divulgada nos 64 países membros do IBBY*).

*Conselho Internacional sobre Literatura para os Jovens, em inglês International Board on Books for Young People
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eBiografia
Disponível em: https://www.ebiografia.com/lygia_bojunga/. Acesso em: 24 nov. 2016.

Biografia de Lygia Bojunga

Lygia Bojunga (1932) é uma escritora brasileira de literatura infanto-juvenil. Foi a primeira autora fora do eixo Estados Unidos – Europa a receber o Prêmio Hans Christian Anderson, o mais importante prêmio literário da literatura infanto-juvenil.
Lygia Bojunga (1932) nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, no dia 26 de agosto de 1932. Com oito anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1951 entrou para a Companhia de Teatro Os Artistas Unidos, que se apresentou pelo interior. Nessa época passou a atuar como atriz de rádio e participava de programas de televisão.
Em busca de uma vida integrada à natureza mudou-se para o interior do Estado do Rio de Janeiro. Abandonou os palcos e as outras atividades na televisão. Junto com o marido fundou a “Toca”, uma escola rural para crianças carentes.
Em 1972 publicou seu primeiro livro “Os colegas”, uma fábula que conta a aventura de cinco animais, os cachorros Virinha, Latinha e Flor-de Lis, o coelho Cara de Pau e o urso Voz de Cristal. A obra ganhou vários prêmios nacionais e internacionais.
A produção literária de Lygia Bojunga se caracteriza pela fantasia e pela realidade, onde aborda questões sociais com lirismo e humor. Entre suas publicações destacam-se: “Angélica” (1975), “A Bolsa Amarela” (1976), “A Casa da Madrinha” (1978) e “O Sofá Estampado” (1980).
Em 1982 recebeu o Prêmio Hans Christian Andersen, importante premiação dada à literatura infanto-juvenil. Foi a primeira mulher a receber essa premiação fora do eixo Estados Unidos – Europa. Nesse mesmo ano muda-se para a Inglaterra, vindo constantemente ao Brasil.
Em 1988 voltou a atuar nos palcos do Brasil e do exterior. Em 2002 publicou “Retratos de Carolina” - o primeiro livro publicado em sua própria editora, a Casa Lygia Bojunga. Em 2004, a autora é a primeira escritora infanto-juvenil a ganhar o prêmio Astrid Lindgren Memorial Award, criado pelo governo da Suécia. Em 2006, criou a Fundação Cultural Lygia Bojunga com o objetivo de desenvolver ações para popularizar o livro.
**********
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Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lygia_Bojunga. Acesso em: 24 nov. 2016.
Iniciou a sua vida profissional como atriz, tendo-se dedicado ao rádio e ao teatro, até voltar-se para a literatura. Com a obra Os colegas (1972) conquistou um público que se solidificou com Angélica (1975), A casa da madrinha (1978), Corda bamba (1979), O sofá estampado (1980) e A bolsa amarela (1981). Por estes livros recebeu, em 1982, o Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio literário infantil, uma espécie de Prêmio Nobel da literatura infantil. O prêmio foi concedido pela International Board on Books for Young People, filiada à UNESCOOs colegas já antes havia conquistado o primeiro lugar no Concurso de Literatura Infantil do Instituto Nacional do Livro (INL), em 1971, com ilustrações do desenhista Gian Calvi.
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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Ilustrações do livro Mosqueiro: lendas e mistérios

  Em fins dos anos de 1980, desenhei algumas ilustrações para o famoso livro Mosqueiro: lendas e mistérios, do professor Claudionor dos Santos Wanzeller, que foi meu professor de Português no ensino médio e, posteriormente, amigo e colega de trabalho, já que também sou professor de Português. O livro foi publicado em 2005.

Capa do livro, desenhada por Dilson Néri de Araújo

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As ilustrações são estas:

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domingo, 20 de novembro de 2016

Faces do ser (exposição de desenhos autorais)

Faces do ser

          O artista tenta expor, mal o consegue. Aliás, bem que o consegue, mas só ele sabe, só ele, e pessoas próximas que o auxiliaram na empreitada, têm o efetivo conhecimento das imensas dificuldades que houve, e que com certeza o farão pensar três (ou quatro, cinco, seis vezes) antes de sonhar em de novo expor seus quadros.
           Devido ao tratamento de certo modo caprichoso dado à sua exposição, ficou-nos o texto de seu folder, bela mostra de suas obras miniaturizadas, grande parte em preto e branco, acompanhadas de um texto explanatório de sua intenção com a mostra. Vale a pena conferir o texto, que segue, para seu deleite:
   
           “Conta o mito grego que a Esfinge ― monstruoso ser híbrido, com corpo de leão, asas de águia e rosto de mulher ― ao jovem Édipo compeliu-o à decifração do seguinte enigma: Qual é o animal que de manhã anda sobre quatro patas, ao meio-dia, sobre duas e, à noite, sobre três? Édipo refletiu bastante antes de responder, pois era sua vida que estava em jogo, uma aposta que não poderia perder, pelo motivo óbvio de que não teria direito à revanche, uma vez que, assim, devorado pela Esfinge (irremediavelmente morto, portanto), não poderia vingar-se. Além disso, havia o agravante de que o monstro continuaria assolando as cercanias da cidade de Tebas, por onde o corajoso jovem andarilhava, sem rumo, fugindo de seu impiedoso fado, já predito pelo Oráculo de Delfos: matar seu pai, casar com a própria mãe e ter filhos com ela.
              Finalmente, Édipo disse: ― É o homem: durante parte da infância (a manhã, portanto), engatinha; durante a idade adulta (o meio-dia, lógico), anda ereto, como um bípede que é; já na velhice (a noite, naturalmente), usa como apoio um cajado ou muleta ou o que lá for... Era a resposta correta. Humilhada, a Esfinge suicidou-se, atirando-se de um abismo, deixando-se morrer ao não usar as asas. Outra versão conta que ela fugiu em desespero dali, para longe da humilhação, onde passou a assolar outras ermas estradas e ermos viajantes.
               Ainda o ser humano é como o enigma da Esfinge: um ser mutante, mais que a Lua em suas fases, mais que a borboleta tornando-se larva, a larva tornando-se pupa, a pupa tornando-se borboleta (novamente). Mais que as estações, uma tornando-se a outra, subseqüentemente. Isto porque não muda só fisicamente, muda em concepção de vida, filosofia, religião, política... muda emocionalmente o tempo todo. E se é bom ou ruim o ser humano ser “esta metamorfose ambulante”, como diria Raul Seixas, não sei, contudo, podemos ponderar que a mudança é necessária: a monotonia, o tédio, são (os dois) algo a que o homo sapiens moderno tem verdadeira (mente) repulsa.
                Os trabalhos neste catálogo e na exposição constituem um ensaio e enfocam, por um prisma meramente pessoal (do autor), este aspecto do ser: mutação (entendida aqui a palavra em seu sentido mais amplo ― nada é, tudo apenas está). O mundo e as “coisas” são impermanentes. Nós, em nossa tão ligeira existência, somos um ser fugaz. Fugaz até mesmo no modo de encarar a vida: ora alegre, ora triste; ora justo, ora canalha; ora calmo, ora irritado... É este o ser que somos. Ensaiamos mostrar, aqui, um pouco de nós mesmos.”


A exposição recebeu por título Faces do ser. Ocorreu em 2004 e teve como obras alguns exemplares reproduzidos abaixo.

A face da musa

A libido masculina

A dor

A clonagem

A contemplação

Cástor e Pólux

El Greco, o atleta

Espelho partido

Alegoria da Caverna

Narciso

Angústia

O abismo da alma

O beijo a contragosto

O beijo das placas tectônicas

O beijo I, ou o homem licantrópico

O beijo II

O homem bicentenário

O homem feio

O maligno

O maligno II

O último dos últimos

Os três contempladores

Por um fio

Simulacro

Sob o signo do olhar I

Sob o signo do olhar II

Só vejo a luz se ela vem de teu olhar

Um acalanto

Bateram asas as palavras


Faces do ser

          O artista tenta expor, mal o consegue. Aliás, bem que o consegue, mas só ele sabe, só ele, e pessoas próximas que o auxiliaram na empreitada, têm o efetivo conhecimento das imensas dificuldades que houve, e que com certeza o farão pensar três (ou quatro, cinco, seis vezes) antes de sonhar em de novo expor seus quadros.
           Devido ao tratamento de certo modo caprichoso dado à sua exposição, ficou-nos o texto de seu folder, bela mostra de suas obras miniaturizadas, grande parte em preto e branco, acompanhadas de um texto explanatório de sua intenção com a mostra. Vale a pena conferir o texto, que segue, para seu deleite:
  

           “Conta o mito grego que a Esfinge ― monstruoso ser híbrido, com corpo de leão, asas de águia e rosto de mulher ― ao jovem Édipo compeliu-o à decifração do seguinte enigma: Qual é o animal que de manhã anda sobre quatro patas, ao meio-dia, sobre duas e, à noite, sobre três? Édipo refletiu bastante antes de responder, pois era sua vida que estava em jogo, uma aposta que não poderia perder, pelo motivo óbvio de que não teria direito à revanche, uma vez que, assim, devorado pela Esfinge (irremediavelmente morto, portanto), não poderia vingar-se. Além disso, havia o agravante de que o monstro continuaria assolando as cercanias da cidade de Tebas, por onde o corajoso jovem andarilhava, sem rumo, fugindo de seu impiedoso fado, já predito pelo Oráculo de Delfos: matar seu pai, casar com a própria mãe e ter filhos com ela.
              Finalmente, Édipo disse: ― É o homem: durante parte da infância (a manhã, portanto), engatinha; durante a idade adulta (o meio-dia, lógico), anda ereto, como um bípede que é; já na velhice (a noite, naturalmente), usa como apoio um cajado ou muleta ou o que lá for... Era a resposta correta. Humilhada, a Esfinge suicidou-se, atirando-se de um abismo, deixando-se morrer ao não usar as asas. Outra versão conta que ela fugiu em desespero dali, para longe da humilhação, onde passou a assolar outras ermas estradas e ermos viajantes.
               Ainda o ser humano é como o enigma da Esfinge: um ser mutante, mais que a Lua em suas fases, mais que a borboleta tornando-se larva, a larva tornando-se pupa, a pupa tornando-se borboleta (novamente). Mais que as estações, uma tornando-se a outra, subseqüentemente. Isto porque não muda só fisicamente, muda em concepção de vida, filosofia, religião, política... muda emocionalmente o tempo todo. E se é bom ou ruim o ser humano ser “esta metamorfose ambulante”, como diria Raul Seixas, não sei, contudo, podemos ponderar que a mudança é necessária: a monotonia, o tédio, são (os dois) algo a que o homo sapiens moderno tem verdadeira (mente) repulsa.
                Os trabalhos neste catálogo e na exposição constituem um ensaio e enfocam, por um prisma meramente pessoal (do autor), este aspecto do ser: mutação (entendida aqui a palavra em seu sentido mais amplo ― nada é, tudo apenas está). O mundo e as “coisas” são impermanentes. Nós, em nossa tão ligeira existência, somos um ser fugaz. Fugaz até mesmo no modo de encarar a vida: ora alegre, ora triste; ora justo, ora canalha; ora calmo, ora irritado... É este o ser que somos. Ensaiamos mostrar, aqui, um pouco de nós mesmos.”