É madrugadinha no Bispo.
Das árvores vão descendo
as sombras que se arrastam
em meio às grandes rochas.
E seu silêncio sopra em simbiose
com o marulho da beira,
fronteira onde água e areia
em conjunção orgásmica
transfundem-se, tão interpenetradas
em si quanto aquele
duplo vulto notívago e insone,
na contínua cópula escultórica
de horas a fio: em pé, sobre as rochas,
em decúbito no solo praieiro,
sentados com água pela cintura,
felicíssimos na dança
das águas cadenciadas
desta mística praia,
já no lusco-fusco do alvorecer.
Ali há líquidos fluindo
de dentro para dentro,
não só dos corpos suados,
mas a introduzir-se
pelas ribanceiras e
de lá se precipitando,
pelos galhos pendentes,
como se gotas etéreas fossem,
esguichadas gotas cristalinas
de sêmen jorradas
e nascidas de sombra & luz.
De minha autoria, inspirado pela Bela da Foto abaixo:
O Blog trata de temas ligados à Ilha de Mosqueiro, mas não por isso pretende se isolar em um localismo infrutífero; em vez disso, procura inserir a Ilha como um lugar no mundo, enfatizando suas singularidades;por outro lado, também objetiva divulgar minhas reflexões sobre língua, linguagem e pensamento, literatura e artes em geral, além de assuntos diversos,sempre procurando revelar traços ideológicos nas entrelinhas do tecido textual, na tentativa de ser o mais coerente possível.
Pesquisar este blog
sábado, 30 de janeiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Poeticando
Este poema, publiquei-o em um livro artesanal que denominei de Dimensons, de 2004, pág. 15, parte 13 de um longo poema intitulado de "Poeticando".
As ondas são
versos
que se autodecantam
no poema
que é o mar.
a areia bege
é a página que aceita
a mensagem
morna da esperança
que escreve cada onda
em seu silencioso falecimento.
O céu é nossos olhos
plácidos contemplando
o poema vocalizado
pelo absoluto.
As ondas são
versos
que se autodecantam
no poema
que é o mar.
a areia bege
é a página que aceita
a mensagem
morna da esperança
que escreve cada onda
em seu silencioso falecimento.
O céu é nossos olhos
plácidos contemplando
o poema vocalizado
pelo absoluto.
Buscando o tempo perdido
Um seco viajante
Um vagabundo
É o que sou
Pelas estéreis trilhas
Caminhante na estrada
Do sem-tempo
O destino? É incógnito...
Rumo do sem-nascente/poente...
Busco o eu-fui
Pois perdi o eu-sou
No encontro do primeiro, sei
Acho o segundo
E jamais terei como temer
O tempo do eu-serei!
Um vagabundo
É o que sou
Pelas estéreis trilhas
Caminhante na estrada
Do sem-tempo
O destino? É incógnito...
Rumo do sem-nascente/poente...
Busco o eu-fui
Pois perdi o eu-sou
No encontro do primeiro, sei
Acho o segundo
E jamais terei como temer
O tempo do eu-serei!
Assinar:
Postagens (Atom)