Pesquisar este blog

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Praia Grande (Baía-do-Sol)

SANY2289

Minhas pegadas na praia

hão de quase nada durar...

Talvez antes da maré cheia,

apague-as a chuva,

a frequente chuva

da Baía-do-Sol,

que encharca não apenas

o seio da terra,

mas o coração deste escriba,

liquefazendo lembranças

de um outrora tão volátil

quanto esta tequila

que agora mesmo bebo

―enquanto estas linhas

carimbam o papel―,

com imaginárias mãos dadas

a caminhar de cabo a rabo,

nesta ainda agreste paisagem

da Praia Grande erma de gente,

longa enseada de saudades...

Quantos Tupinambás foram aniquilados,

para que este torrão se tornasse nosso?...

(É a arguição

que meu fantasma

faz em direção às ondas.)

E seu bramido me responde

em meio a lamentos

e maldições

ininteligíveis para mim,

trôpego bêbado, perdido

entre sons, letras e sentidos.

Ah! Praia Grande...

Praia Graaande...

Graaaaaaaaaaannnndddeee...

Mergulho e me perco,

nas ondas me lavando e levando,

indo e sumindo imergindo e emergindo

no mar do sono e do sonho,

líquido fim de encantamento

em molhados braços de Morfeu e Uiara...

Ah! Praia Grande...

Praia Graaande...

Graaaaaaaaaaannnndddeee...

O vento forte da baía traz do horizonte cinzento

a chuva em chicotadas de pingos

sobre as águas e areias,

apagando quase de todo

as minhas tortuosas

pegadas...

Ah! Praia Grande...

Praia Graaande...

Graaaaaaaaaaannnndddeee...

SANY2294