O grande pássaro da escuridão
pousou sobre a vasta floresta...
... silêncio constrangedor...
Os muitos olhos do céu pareciam
piscar mais aceleradamente
que de costume, vaticinando
que se preparassem para o pior:
nem vegetais nem animais―
da água, da terra ou do ar―,
os povos, filhos desta Amazônia,
descobridores verdadeiramente
―primeiros aqui em Pindorama―,
nenhum deles escapará ileso
do apetite canino dos invasores
que viajam dentro de monstros,
deslizando nos grandes caminhos
de água e de canoas, a morada
dos peixes, dos botos e da boiuna...
Sem temor ou respeito nenhum
pelos encantos e encantamentos,
sem amor à terra nem aos seres,
que não querem nada conceder,
mas que anseiam tudo possuir―
somar, multiplicar e sub-trair:
estes são seus verbos prediletos.
Dividir? Só o que é dos outros...
Também nada trazer―só levar.
Essa era de breu e desespero
pousa seu pesado peso a partir
da noite de 21 de abril de 1500.
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