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terça-feira, 22 de maio de 2012

Noite de 21 de abril de 1500

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O grande pássaro da escuridão

pousou sobre a vasta floresta...

... silêncio constrangedor...

 

Os muitos olhos do céu pareciam

piscar mais aceleradamente

que de costume, vaticinando

 

que se preparassem para o pior:

nem vegetais nem animais―

da água, da terra ou do ar―,

 

os povos, filhos desta Amazônia,

descobridores verdadeiramente

―primeiros aqui em Pindorama―,

 

nenhum deles escapará ileso

do apetite canino dos invasores

que viajam dentro de monstros,

caravela

deslizando nos grandes caminhos

de água e de canoas, a morada

dos peixes, dos botos e da boiuna...

 

Sem temor ou respeito nenhum

pelos encantos e encantamentos,

sem amor à terra nem aos seres,

 

que não querem nada conceder,

mas que anseiam tudo possuir―

somar, multiplicar e sub-trair:

 

estes são seus verbos prediletos.

Dividir? Só o que é dos outros...

Também nada trazer―só levar.

 

Essa era de breu e desespero

pousa seu pesado peso a partir

da noite de 21 de abril de 1500.

índios mortos            índio morto

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