Se já cria problemas incômodos em diversas atividades humanas, mais ainda é capaz de transtornar ambientes sensíveis como os de instituições de ensino.
É com esta discussão que estou tentando "ativar" novamente este meu Blog, há tanto tempo não alimentado, por causas múltiplas.
Abaixo, reposto texto muito bom de Antônio Ozaí.
Revista
Espaço Acadêmico, nº 45, fev., 2005- Mensal-ISSN 1519.6186,ano IV
Sobre a
vaidade no campo acadêmico
Ele entra
na sala de aula e escreve o seu nome na lousa: Prof. Dr. fulano de tal.
Durante sua brilhante exposição – de acordo com a sua própria opinião – um
aluno, um tanto desatento às exigências hierárquicas e ritualísticas, lança-lhe
uma pergunta. O problema não está no questionamento. O Prof. Dr. fulano de
tal, do alto da sua sapiência naquilo que lhe dá o status de “o” especialista,
tem resposta para tudo (e se não tem, enrola, pois quem ousará duvidar da sua
autoridade?!). Não, a irritação que oProf. Dr. fulano de tal expressa
em seu tom de voz é uma reação à impertinência do aluno. E ele, o professor,
deixa-o claro na resposta: “Aqui em sala de aula – e aponta para o escrito na
lousa – sou o Prof. Dr. fulano de tal. Pobre aluno que ousou
chamá-lo apenas de professor!
Ela é
doutora, uma das poucas naquela instituição. Isto lhe parece garantir status diferenciado
em relação aos demais. Os colegas comentam nos corredores sobre a arrogância da Profª
Drª fulana de tal. Mas eles têm lá as suas vaidades e, no final das contas,
a Profª Drª fulana de tal sabe que, embora não tenham o mesmo
título, desempenham a mesma função – e quem sabe, sejam melhores naquilo que
fazem! Por via das dúvidas, ela tem o cuidado de não
ultrapassar certos limites. Muito diferente se dá em relação aos seus alunos.
Estes, coitados, têm apenas como mérito a vitória no funil do vestibular. Para
a elaisto não tem grande valor – e talvez ela tenha razão, pois não há
correspondência direta entre memorização de conteúdo, inteligência e capacidade
de reflexão crítica.[1] Ela não admite intromissão
dos alunos; os que ousam lhe dirigir a palavra são rispidamente colocados em
seu devido lugar. A Profª Drª fulana de tal não admite, sobretudo,
questionamentos sobre asverdades que verte diante dos pupilos. Os
que insistem em questioná-la são silenciados e ela não hesita em usar adjetivos
nada positivos para aquelas mentes em formação. “São uns burros! Estudem
primeiro!” (Quem sabe quando tiverem doutorado possam conversar de igual para
igual; o que não sabemos é se a Profª Drª fulana de tal ainda
estará sobre ou sob a face da terra). Mas eis que os alunos decidem protestar e
mostram que são inteligentes o suficiente para adotar uma estratégia cujo
resultado é tão positivo quanto dolorido: o desprezo. Um belo dia ela se
dirige à sala de aula e se vê diante de uma situação inusitada: a sala está
vazia; os alunos e os móveis utilizados por estes estão na parte externa da
sala; dentro, apenas a mesa daProfª Drª fulana de tal. A propósito
para que serve o educador se não tem a quem educar?
Ele é um
excelente professor. Domina o conteúdo e se impõe em sala de aula. Para ele,
rigor científico equivale às grandes teorias expostas por autores que escrevem
em estilo ininteligível para a maioria dos seres mortais.[2] Para ler tais textos, e
compreendê-los minimamente, seus alunos precisam recorrer aos dicionários das
várias áreas do conhecimento humano. Ele não se importa, afinal já sabe e
teve que passar por isso. Sua linguagem obedece à formação teórica, política e
ideológica que teve: é igualmente ininteligível. Numa das suas aulas, os alunos
conseguem trazê-lo para o mundo real e estabelecem acirrado debate sobre as
eleições. Ele se vê pressionado pelo questionamento da sua posição política.
Então, ele recorre àquele tipo de argumento aparentemente inquestionável e que
finda qualquer discussão: “Vocês não compreendem, vocês só lêem o jornal Folha
de S. Paulo”. Pronto! Em outras palavras: “Como ousam discutir comigo, eu
que tanto li e que tenho a experiência dos anos? Cresçam, leiam os textos que
li, estudem os autores que estudei e, então, talvez terão condição de me questionarem”.
A vaidade dificulta o entendimento de que a retórica pomposa nem sempre dá
conta de tudo; que a realidade é mais rica que a cinzenta teoria; e que, para
se posicionar politicamente, nem sempre é necessário o domínio das teorias
complexas. Sua atitude demonstra uma visão elitista e preconceituosa em relação
ao conhecimento que não se enquadra nos cânones formais da academia.
O professor perdeu o debate político, as estribeiras e do alto da sua alegada
experiência, fundada no acúmulo de leituras, ele se mostra incapaz de manter o
equilíbrio diante dos seus tão inexperientes alunos. Ele
perdeu também a oportunidade de refletir sobre os vínculos entre a excelência
do seu conhecimento teórico e a vaidade no inconfessável sentimento de
superioridade.
Ela
escreve mal. Seu estilo é panfletário. Uma eterna repetição de slogans e
fórmulas desgastantes, recheadas por inumeráveis citações, argumentos de
autoridade que, repisados à exaustão, demonstram pelo menos uma coisa: ela é
leitora de um único autor. [3] Sua verdade é
a verdade revelada pela interpretação do texto sagrado. Ela
talvez não tenha consciência do que faz, mas age como sacerdotisa de um culto
profano. É a guardiã do dogma, é sectária. Mas... ela é sua Ex.ª a Drª.,
e tudo lhe será perdoado! Como disse Aquele cujo nome conhecemos: “Ela não sabe
o que faz!” Ela continuará a associar as palavras e se imagina a auctoritate no
assunto. Uma autoridade menor, é verdade; uma espécie de reflexo de uma luz
maior e poderosa, isto é, a autoridade na qual se espelha e cita abusivamente.[4] Ela propaga esta
luminosidade, se nutre dela. Em sua humilde condição de discípula, ela se vê
como o instrumento de difusão da energia que deve alimentar a humanidade. Todo
o seu poder advém do autor sacralizado e dos seus livros canônicos.[5] Não obstante, não
esqueçamos: ela é a Ex.ª a Drª E isto lhe dá mais força
em sua missão redentora; dá-lhe, ao menos, a condição de estabelecer um séqüito
de aprendizes e guardiões do dogma. Seu profeta ainda não foi
canonizado pela Santa Madre Igreja, mas foi elevado à altura dos cânones
reconhecidos pelos profanos, os quais constituem várias igrejas – que polemizam
entre si, mas se saciam nas mesmas fontes.
Ele
escreve bem! Seu estilo é erudito e demonstra ruptura com os enquadramentos
estanques entre as diversas áreas do conhecimento humano. Definitivamente, ele
não é um especialista. O que o qualifica positivamente, pelo menos
na percepção de alguns dos seus colegas, é visto como embuste pelos mexeriqueiros
a postos. “É um charlatão!”, dizem as más línguas. Não devemos legitimar este
tipo de comentário, nem participarmos do jogo mais
antigo e preferido dos que passam a própria vida a falar da vida alheia.
Contudo, como diz o dito popular, “onde há fumaça, há fogo”. Quando se escreve
sobre tudo e todos, arrisca-se a perder o bom senso sobre a limitada capacidade
humana em relação ao conhecimento. Assim, se tais injúrias nos chegam aos
ouvidos, devemos ter o bom senso de pensar sobre o nosso proceder. Mas eis que
entra em cena a vaidade: imersa em sua própria luz, sua Ex.ª o Dr. faz
ouvido de mouco. E a sua fama atinge o ápice. Um olhar atento e não propenso
aos mexericos poderia ajudá-lo a perceber que sua pretensa erudição não é
suficiente para mascarar o conhecimento enciclopédico e dicionáristico; e,
talvez o mais importante, poderia contribuir para que ele tivesse o bom juízo
de não se imiscuir no que não deve. Mas quem ousará falar-lhe sobre tema tão
complexo e, ainda por cima, tenha a capacidade de não ferir sua vaidade? O
risco é que ele, embevecido, não o escute e ainda lhe atire a pecha de invejoso
ou algo parecido.
Seja num
ou noutro caso, o que escreve bem ou mal, é muito difícil tecer qualquer
comentário sem ferir susceptibilidades. A propósito, há no meio acadêmico uma
falsa identificação entre titulação e capacidade de escrever. O fato de o
indivíduo ter o título de doutor não é garantia automática de que ele saiba
escrever bem e, muito menos, que é um bom professor – no sentido didático e
pedagógico. Escrever bem não é apenas juntar palavras e formar frases
altissonantes. A suposta erudição demonstrada num texto ininteligível não é,
necessariamente, uma qualidade intelectual; pode ser, simplesmente, pura
afetação. A complexidade na linguagem muitas vezes caracteriza um exercício de
arrogância, de pose acadêmica, relacionado à necessidade do
intelectual em se firmar pelo status.[6]
Mas,
voltemos à sua Ex.ª o Dr. No fundo ele se imagina imune ao
risível. Portanto, ele age com naturalidade, como se os simples mortais,
incluindo seus alunos, fossem obrigados a pagar um tributo à sua titulação.
Estes, por seu turno, projetam nele o futuro a ser alcançado. Suas atitudes
passam a ser modelares – para o bem e para o mal. Além de modelo a ser seguido
– ou repudiado – o Prof. Dr. fulano de tal, pela posição que ocupa
na hierarquia acadêmica, tem recursos para manter aos alunos sob sua
dependência.
É claro,
há as exceções. Tomemos os exemplos acima como tipos ideais. Não
significa que existam na realidade exatamente como descritos, mas representam espécies que
podem ser encontradas na selva acadêmica. E, a favor, destes tipos,
devemos acrescentar que: 1) a cultura e os valores predominantes no campo
acadêmico são elitistas; 2) a universidade reproduz os princípios que
fundamentam a competição na sociedade; 3) a vaidade é humana.
Demasiadamente
humano
A vaidade
é humana, demasiadamente humana! Eis um pleonasmo necessário. Sim, porque
muitas vezes são precisamente tais características as que menos se tornam
objeto de nossas reflexões – e não me refiro aos exercícios mentais
filosóficos, sociológicos ou coisa do tipo, mas sim, a uma atitude que, me
parece, deveria pautar nossas ações cotidianas. Comecemos por assumir que, em
menor ou maior grau, todos somos vaidosos. Já os antigos, através do mito de narciso,
ensinaram que o desejo desenfreado em atrair a admiração e a atenção produz
conseqüências que podem ser trágicas. No limite é uma demonstração de tremenda
sandice.
É
incrível como, mesmo diante de situações nas quais a vaidade não faz qualquer
diferença, os homens e mulheres não conseguem se livrar deste sentimento. O
diálogo entre um jardineiro e o visitante de um cemitério, escrito por
Alexandre Dumas Filho (2003:47), em A Dama das Camélias, ilustra
bem este aspecto:
“Quero dizer que existe gente que
é orgulhosa até no cemitério. Parece que esta mademoiselle Gautier
fazia a vida, desculpe a expressão. Agora ela está morta e é igualzinha às
mulheres que nada fizeram de reprovável e das quais regamos as flores todos os
dias. Pois bem, quando os parentes das pessoas que estão enterradas ao lado
dela souberam a vida que essa moça levava, revoltaram-se por ela ter sido
enterrada aqui e disseram que deveria haver um lugar só para esse tipo de
mulheres, como há para os pobres. O senhor já viu uma coisa dessas? Eu teria
postos essas pessoas no lugar deles! Gente gorducha que vive de rendas, que não
vem sequer quatro vezes por ano visitar seus defuntos, que traz pessoalmente as
flores... e veja que flores! Eles reclamam dos gastos de conservação das
sepulturas daqueles por quem dizem chorar, escrevem nas lápides sobre lágrimas
que jamais derramaram e se fazem de difíceis, querendo escolher a vizinhança”.
Durante
muito tempo acreditei que a morte nos igualava. “Pelo menos isso!”, pensava.
Hoje, tenho consciência de a sociedade cria desigualdades que extrapolam o
próprio caráter da finitude humana. Mas deixemos estes homens e mulheres de ares
aristocráticos em seus próprios devaneios e retomemos o fio da meada.
Max Weber
observou que a vaidade pode levar o político a cometer um dos pecados fatais em
política, ou ambos, simultaneamente: se abster de assumir uma causa e do
sentimento de responsabilidade. Se o político está sujeito à vaidade, o
intelectual padece da mesma doença. “A vaidade é um traço comum e, talvez, não
haja pessoa alguma que dela esteja totalmente isenta. Nos meios
científicos e universitários, ela chega a constituir-se numa espécie de
moléstia profissional”, sentencia Weber. (grifos nosso) Não obstante, o
sociólogo alemão é condescendente com os colegas acadêmicos, pois considera que
a vaidade do intelectual não oferece tanto risco à sua atividade quanto o que
ocorre em relação ao político: “Contudo, quando se manifesta no cientista, por
mais antipatia que provoque, mostra-se relativamente inofensiva, no sentido de
que, via de regra, não lhe perturba a atividade científica”. (WEBER, 1993: 107)
Será?! Para o estudante ou o colega que tem que suportar a vaidade desmedida,
talvez seja o oposto que ocorra. Do ponto de vista puramente empírico, os que
nos oferecem mais riscos são os que estão mais próximos!
Mas
deixemos Weber em paz! Independentemente das suas formulações sobre a vocação
do cientista e do político, o fato é que esta “espécie de moléstia
profissional” grassa em nosso meio. E as pessoas sensatas talvez se perguntem:
por que? Há, inclusive, a espécie de ingênuo que candidamente
imagina que este tipo de comportamento é algo contraditório com o espírito
culto que, em tese, permeia a universidade. “Como é possível?, se pergunta. Ele
tem a esperança de que os colegas, através do diálogo e da persuasão, superem
as influências nefastas que os fazem agir incivilizadamente. Como diria aquele
personagem das histórias em quadrinhos: “Santa ingenuidade!!!”.
Todavia,
observe-se que mesmo este tipo de ingênuo padece da mesma “espécie de moléstia
profissional”: na essência sua postura é prisioneira de uma vaidade enrustida
numa pretensa humildade; é uma atitude idealista, no sentido de que desloca a
universidade – e os que nela trabalham – da realidade social na qual está
inserida; é elitista porque, no fundo, se imagina como partícipe de um mundo
constituído por seres especiais, dotados de moral e cultura superiores e
capazes de escapar às futilidades humanas. Este personagem não se reconhece no
mundo real e se escandaliza porque seus pares não representam o mundo
imaginário do Olimpo. É vaidoso e talvez não o saiba porque lhe parece natural
a vaidade de sentir-se superior!
Concluindo...
Se a
vaidade é humana, não é possível compreendê-la apenas pelo senso comum quanto
às atitudes observáveis no campo acadêmico. A sociologia pode contribuir para
compreendermos este fenômeno.[7] E isso talvez seja um bom
começo para evitarmos repetir o que reprovamos nos outros. Mas, é claro, a
sociologia – ou as grandes teorias, em geral – não são antídotos para tal moléstia.
Um grande passo para quem deseje se curar é voltar-se para si
mesmo e... mudar de atitude. No mais é necessário muita, muita, muita
paciência!
[1] Em artigos publicados nesta revista procuramos analisar
criticamente o vestibular e o método de ensino decoreba, um dos
seus principais pilares, e que influi sobre todo o processo de
ensino-aprendizagem, do nível fundamental ao superior. Ver: À mestra e ao mestre com carinho e compreensão!; O
engodo do vestibular e os dilemas da classe média empobrecida; “Estudo
Errado”: Qual é a capital de Kubanacan?; e, As dimensões da relação aprender-ensinar; e, Vale
nota, professor?!
[2] Em certos casos, a complexidade das grandes teorias também
pode ser um recurso para que elas se firmem, tornando-se áreas restritas à uma
ínfima minoria de especialistas. Tais teorias, como assinalou MILLS (1982:30)
na crítica a Parsons, padecem de “um formalismo complicado e árido, no qual a
divisão dos Conceitos e uma interminável redisposição torna-se a principal
tarefa”. É preciso traduzi-las. E, então, fica nítido que a sua complexidade é
um recurso formalista, ou seja, que não é preciso escrever longos e
ininteligíveis parágrafos para explicar as coisas simples. Os conceitos são
necessários, mas é preciso relacioná-los com a realidade social e movimentar-se
entre os diversos níveis de abstração. Em geral, a ininteligibilidade esconde o
fetichismo dos conceitos e cumprem uma função excludente, gerando a ilusão de
que o seu domínio torna alguns superiores aos demais.
[3] A necessidade de citar e recitar está vinculada a uma espécie de
humilde sacerdócio. Como analisa BOURDIEU (1998: 162): “O sacerdócio comum cita
e recita; o grande sacerdócio suscita e ressuscita. Pode acontecer que leve a
audácia até o ponto de expor as discordâncias ou mesmo as contradições (é o
caso de Abelardo) encontradas nas fontes de revelação”.
[4] A identificação com o ‘profeta’ não é apenas um exercício de
sacerdócio, ela gera dividendos, isto é, ‘lucros’: “O eu sacerdotal
deriva da autoridade do profeta de origem; todavia, por maior que seja a
modéstia (condição de participação no capital herdado de autoridade) que o
impede de falar efetivamente na primeira pessoa, ele não pode esquecer que
possui algum mérito por restaurar o capital em sua integridade através da
desbanalização, revolução da leitura que define a revolução letrada.”
(BOURDIEU, 1998: 160 e 62) Ele é o instrumento de propagação da palavra, a
qual, proferida por ele parece-lhe ter a mesma autenticidade daquela
pronunciada (escrita) pelo profeta de origem: “O sacerdócio se
instaura como guardião da autenticidade da mensagem, a única capaz de proteger
contra a “recaída” nos erros...” [em relação ao profeta] (Id.: 162-63).
[5] “Só o discípulo faz legitimamente o “sacrifício do intelecto” em
favor do profeta, como só crente o faz em favor da Igreja. Nunca, porém, se viu
nascer uma nova profecia (...) em razão de certos intelectuais modernos
experimentarem a necessidade de mobilizar a alma com objetos antigos e
portadores, por assim dizer, de garantia de autenticidade, aos quais
acrescentam a religião, que aliás não praticam, simplesmente pelo fato de
recordarem que ela faz parte daquelas antiguidade. Dessa maneira substituem a
religião por um sucedâneo com que enfeitam a alma como se enfeita uma capela
privada, ornamentando-a com ídolos trazidos de todas as partes do mundo. Ou
criam sucedâneos de todas as possíveis formas de experiência, aos quais
atribuem dignidade de santidade mística, para traficá-los no mercado de livros.
Ora, tudo isso não passa de uma forma de charlatanismo, de maneira de se iludir
a si mesmo”. (WEBER, 1993: 50)
[6] Com enfatiza MILLS (1982:235): “Escrever é também pretender para
si um status pelo menos bastante para ser lido. O jovem
acadêmico participa muito de ambas as pretensões, e porque sente que lhe falta
uma posição pública, com freqüência coloca o status acima da
atenção do leitor a quem se dirige.(...) O desejo do prestígio é uma das razões
pelas quais os acadêmicos escorregam, com tanta facilidade para o
ininteligível”. Mas também é o caso do acadêmico já em idade avançada, que, por
arrogância ou falta de criatividade, procura impressionar pela falsa erudição.
[7] A sociologia e, também a literatura e o
cinema. Ver: Óleo de Lorenzo e Patch Adams: A arrogância titulada; Os
intelectuais diante do mundo: engajamento e responsabilidade; e, Aqui jaz fulano de tal... e a sua superioridade!
Por ANTONIO OZAÍ DA
SILVA
Docente na Universidade Estadual de Maringá (UEM), membro do Núcleo de Estudos Sobre Ideologia e
Lutas Sociais (NEILS –
PUC/SP), do Conselho Editorial da Revista Margem
Esquerda e Doutor em Educação
pela Universidade de São Paulo.
Disponível
em: http://www.espacoacademico.com.br/045/45pol.htm
. Acesso em: 17 mai. 2014.
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