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terça-feira, 17 de junho de 2014

Janequara: olhares para aquém e além



Já pudeste vislumbrar
a faixa arenosa
da praia de Janequara?

Ela age como uma bígama,
pois ousa trocar
com seus consortes
dois longos e
simultâneos beijos–

O beijo bege-verde
e o beijo bege-barrento
                               (ou cobreado...).

A praia se nutre
da essência da clorofila
da mata
e dos zoofictoplanctuns
do líquido fluxo
indo e vindo da Baía-do-Sol
ou do Furo das Marinhas,


       paragem esta
de cima e de longe
espionada
por olhos algodoados e azulados...

Imagine ali naquelas plagas  
           uma      alma
                                                                      s o l i t á r i a 
que desliza no piso
frio e macio do rio,
o remo deslocando
a montaria:

músculos, braços e mãos,
em automatismo,

enquanto os olhos
já filmam
                a verdura
das Ilhas Maruins,
absorto o pensamento
na piema
do pouco peixe,
e siri e camarão vasqueiros,
que ele está levando
para casa,


... para a casa e
               (mais ainda)
para as barrigas
                     roncando,

enquanto ao longe
um caminhão da Ricosa
na pista da ponte
Sebastião Rabelo de Oliveira,
carregando produtos
alimentícios
para o outro lado da Ilha,


onde eu,
saboreando
         uma bolacha Cream Crcker
, e sorvendo café com leite,
           deslizo a esferográfica Bic

para

, no leito destas páginas,
imprimir estas imagens
puramente ficcionais
                e
,paradoxalmente,
     nascidas da mais

           pura realidade...

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