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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Como conseguir partir?...

De folha em folha,
flor em flor,
em cada gota de orvalho
(em seu frescor),
por entre os insetos,
vago dia a dia...
Vejo e noto
indiferentemente
cada pequeno ser
se movendo
sobre a Terra
--e sob ela--,
no meio da folhagem,
no húmus,
nas árvores,
no Céu,
nos rios...

As nuvens
cobrem e descobrem o Sol.
Suas sombras caminham
e percebo-as
sob o azul,
assim como as gotas que caem
com suavidade
ou violência
sobre esta floresta,
enfatizando ainda mais
a cor de sua clorofila...

A faixa clara
da arenosa orla
se estica
por todo o litoral
do norte da Ilha...
E vestidos requintados
agitam-se ao vento
de mãos dadas
às bengalas e cartolas,
chegando nos vapores.
A distinção passa
a povoar estas plagas,
e meu povo
começa a partir,
não sem lutar...

Os tempos são outros
nestas atuais manhãs...
E muitas e muitas luas
navegaram
pelo negrume noturno,
tendo por testemunhas
todos os olhinhos
faiscantes de nossos
curumins e cunhantãs,
espoliados das famílias
e conduzidos lá para cima.

Todos os dias vago por aí,
sem rumor e quase sem rumo.
Não sei por quê, mas, por agora,
ainda não sou capaz de partir...

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