Tudo volta, sei.
Tudo é círculo,
tudo é ciclo.
Te amo hoje como ontem.
Ontem numa caverna, é verdade.
Hoje, numa cama, em casa, confortável.
Confortável com ontem, apesar de tudo,
pois aquela era uma boa caverna.
Hoje sei que és a mesma
que milhares de anos
encontrei na bela pradaria
longe-longe da quase cristalina
e imensa geleira.
Estávamos na planície.
Eu sorrateiramente caçava.
Tu coletavas frites,
ervas, raízes.
Nosso amor enraizou aí
quando comemos a carne assada da caça
e as frutas, que dividimos
entre carinhos, toques suaves,
beijos, cheiros
que trocamos sob a árvore-mãe,
na sombra e na frescura,
e no conforto da grama, das folhas,
das flores que abençoavam
nosso matrimônio natural.
Ali mesmo, em certeiras flechadas,
Gotejei meu sêmen em ti.
Te fecundei. Fomos felizes
então, três a partir dali,
uma família já feita.
Nunca mais o frio glacial
Nos enregelaria noite adentro.
Amor, calor, fogueira na lenha
e nos nossos corpos.
Hoje somos os mesmos.
faltam-nos apenas nossos filhotes
que ainda virão,como vieram ontem.
O tempo é um voltar-se
A si mesmo, em ciclos...
O ontem é hoje.
O Blog trata de temas ligados à Ilha de Mosqueiro, mas não por isso pretende se isolar em um localismo infrutífero; em vez disso, procura inserir a Ilha como um lugar no mundo, enfatizando suas singularidades;por outro lado, também objetiva divulgar minhas reflexões sobre língua, linguagem e pensamento, literatura e artes em geral, além de assuntos diversos,sempre procurando revelar traços ideológicos nas entrelinhas do tecido textual, na tentativa de ser o mais coerente possível.
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