Oásis Mosqueiro
Ainda lembro daquelas tardes em Mosqueiro
Na orla fervendo apinhada de gente
E o trio que levava o mundo pra frente
Do lado da praia, até fevereiro,
Lembro das chuvas nas tardes cinzentas,
Da bola parando em poças de areia
E o garoto novo que aos peixes margeia
Armando ciladas, ah!, sempre tão lentas.
Recordo estações: caju e pescada,
Do tempo das pacas, jambo e acerola,
Das ondas surfadas na breve marola.
Tempos de criança, de brincar na calçada.
No gasto arraial sem roda gigante
As belas barracas das Donas de Mingaus,
Que tantos provei em outras naus
Mas só aqui achei sabor tão instigante.
Da ponte que corria até o meio do mar
Buscava, dos barcos, ribeirinho e turista,
De noite eu pensava ser só uma pista
Feita na medida pra pescar e namorar.
Tinha a estação da chuva, que era verão
E a estação das secas, que era inverno.
Boas horas de sossego quase eterno
Que às vezes pergunto: não fora ilusão?
Mosqueiro tão bela, a ilha-cidade,
Prendada de dotes pra quem lá morava.
Na volta das férias a saudade chorava
Do sonho hibernando e o acordar da realidade.
Referências:
Autor: Assis Oliveira.
Revista: Tucunduba: arte e cultura em revista. UFPA, 2010, n. 1. ISSN 2178-4558, p. 45.
O Blog trata de temas ligados à Ilha de Mosqueiro, mas não por isso pretende se isolar em um localismo infrutífero; em vez disso, procura inserir a Ilha como um lugar no mundo, enfatizando suas singularidades;por outro lado, também objetiva divulgar minhas reflexões sobre língua, linguagem e pensamento, literatura e artes em geral, além de assuntos diversos,sempre procurando revelar traços ideológicos nas entrelinhas do tecido textual, na tentativa de ser o mais coerente possível.
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