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domingo, 21 de fevereiro de 2016

E/ro(s)mantismo de beira-rio-mar





Não há, não há
outro regaço onde
queira buscar aconchego,
outro corpo onde
queira encontrar calor,
sim, não há decerto
outra pele macia
e perfumada onde
queira tocar e sentir
a excitação visceral
como única fonte
de doce encanto. Nada
há como o aroma
dos cabelos da morena
− moldura natural para
a face do amor.

Tem ela aquela voz
tal qual a leve luz
na matinal
mansidão da foz
do rio Mari-Mari,
acariciando
foneticamente
os ouvidos do amado
− no friozinho invernal
da preguiçosa segunda-feira...

Tudo vai passando lá fora.
Dentro, o tempo estacionou,
abrigou-se de mansinho,
afugentando de todo a solidão.

Os pés flutuam leves,
levando-te-trazendo
do quintal ao trapiche
e à pequena faixa de areia,
ousando ser praiinha
de ventos esvoaçantes
a desenhar ao ar livre
as curvas morenas
no perambular onduloso
nas marolas da beira
da Baía de Santo Antônio.

Uma rabeta ronca o motor
ao longe... ao longe, uma-duas
gaivotas exibem-se no céu
no momento em que
o azul toma a decisão de
 dissipar a névoa.

A rede range a cada
calmo balanço...
O estalido de um beijo
desperta o caboclo.
Mãos puxam outras duas.
E a rede de amor
ganha um novo balanço
− que de calmo já
nada pode ter...

Do lado de fora,
floresta, rio-baía-mar, céu e nuvens,
tudo-tudo estacionado,
agora...


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